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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

“Sunday morning, rain is falling…”


A manhã de domingo é um sopro de ar fresco. A manhã de domingo é um acordar relaxado que mistura pensamentos positivos com chuva miudinha gelada e pequenos-almoços na cama dignos de uma daquelas típicas comédias românticas americanas. Ninguém o pode negar, a manhã de domingo é aquele último adeus descansado ao fim-de-semana que passamos enroscados nos lençóis a ver series da Fox ou desenhos animados deprimentes, quando sentimos aquela sensação de absoluto conforto e uma vontade inexplicável de sorrir enquanto nos espreguiçamos.
Nesta manhã de domingo, enquanto estou sentada no balcão da cozinha, deixando os meus pés balançar sem tocar no chão e acolhendo o tacto quente de uma chávena de café nas minhas mãos, olho para o exterior chuvoso, tão invernal que poderia ser confundido com o dia de Natal. Estou sozinha, a casa está vazia e nada ouço para além do burburinho tímido do rádio na outra divisão ao lado e do cair ritmado da chuva. Uma nostalgia invade os meus músculos, não de uma maneira melancólica mas feita de uma saudade quente dos dias de Verão e das peles bronzeadas que pareciam até há bem pouco tempo estar presentes e, no entanto, é quase fim de ano.
Foi aí que me apercebi de como o tempo corria desvairadamente não deixando espaços para paragens indecisas de pessoas inseguras, tal como o meu miserável caso.
“É um remoinho veloz que te arrasta para o futuro a cada segundo que passa.” tinha lido algures.
Mal este pensamento surgiu na minha mente senti uma revolta incontrolável e um desamparo amedrontado. Não era justo! Até algo tão imperturbável e impiedoso como o tempo deveria dar um desconto a adolescentes vacilantes e assustadas, certo? Como era possível construir realmente uma vida completa se para isso era necessário quase desistir dos momentos que “desperdiçamos” a respirar?
Eu não quero, não quero que tudo passe tão rápido, não quero caminhar o resto da minha vida acompanhada pelo peso na consciência das experiencias que não tive, das pessoas que não conheci e dos sítios onde não fui e, principalmente, não quero esta sensação de impotência em relação à minha própria vida.
Suspirei pesadamente pousando a chávena, já vazia, ao meu lado no mármore cor de azeitona. Formara-se um nó de excelência de marinheiro no meu estômago, sentia-me fraca, ridícula e envelhecida afinal, poderíamos denominar aquela situação como uma crise de meia-idade. “Óptimo, uma crise de meia-idade aos dezasseis anos!” pensei ironicamente. Recostei a cabeça no armário atrás de mim e dirigi o meu olhar enfadado para o tecto contando todos os quadradinhos que o constituíam como peças de um puzzle demasiado fácil até para crianças.
Bem, talvez não tivesse de ser assim…eu continuo eu e a vida continua a minha vida. Talvez só tivesse de me deixar ir com a força da corrente para não me afogar, não é isso que costumam dizer as pessoas adultas e inteligentes? O nó desatou-se instantaneamente.  
Desci de um salto impulsionado pelas mãos do balcão e mal senti o chão corri para o meu quarto. Enquanto subia as escadas pensava nas inúmeras coisas que queria fazer hoje, no que queria arriscar hoje. Vesti-me da maneira mais rápida que consegui e conduzi-me até a porta. Ao abri-la senti o ar fresco e molhado chacotear-me a cara e o cabelo obrigando-me a fechar os olhos. Sorri e tornei a abri-los, não seria o mau tempo que me impediria de aproveitar o dia.

2 comentários:

ndr+ disse...

tu dormes nua ? :o (A)

Inês Gomes disse...

Sim, e também sou linda assim (A)